Alguns meses atrasado, mas hoje trago algo diferente, esse é o primeiro post sobre um evento que não vi presencialmente (obviamente, já que eu mal tenho dinheiro para passagem nos trem da CPTM, que dirá para ir a Paris).
Sobre os desenhos aqui, em geral eles não são especificamente da pessoa sendo comentada no texto, apenas do mesmo esporte. Ao menos uma das artes de skate foi feita com referência fotográfica e o último desenho também, os demais foram feitos com o vídeo da competição rolando.
Mas vamos ao que interessa:
Os jogos olímpicos são um dos eventos que mais gosto de assistir, sempre tento ver o máximo de esportes que consigo, como estava (e estou) desempregado, pude dormir basicamente no fuso horário de lá e acompanhar bastante coisa, mas apenas nos últimos dois ou três dias comecei a desenhar um pouco das competições.
Um detalhe sobre a transmissão em si que achei super positivo foi a divulgação pela Cazé TV das redes sociais dos atletas, o que mostra uma preocupação verdadeira com o crescimento do esporte, tentei seguir esse exemplo nesse artigo.
E de modo pessoal, outro fator fora das competições que marcou essa olimpíada para mim foi poder comentar as competições quase diariamente com os amigos da comunidade latina de Tetris Clássico (de nintendinho), o que deixou tudo mais interessante.
Comecei a desenhar no Skate Park Masculino, é incrível ver uma competição com tanta camaradagem e em que as pessoas genuinamente torcem para todos irem bem, na verdade o chat torcendo contra, apesar de natural, é algo que destaca o por quê de algumas pessoas do skate terem sido contra a inclusão do esporte nos jogos [1].
Os malabares do Japinha (Augusto Akio) alias, são daquelas coisas super aleatórias e bacanas que só em uma competição mais leve como no Skate poderiam acontecer. As entrevistas dele, bem reflexivas, foram meio curiosas e muito bonitas, eu no geral sou bem fechado e solitário e o “sozinho é frio” dele na entrevista depois do Bronze foi algo bem marcante [2].
Seguindo em frente, apesar de já ter assistido antes, conheço ainda menos sobre Ginástica Rítmica do que sobre a Artística, que costumo assistir em todas as olimpíadas (como se de 4 em 4 anos fosse muito), mas isso se deve a eu já acompanhar vários esportes e esse não ser uma das prioridades e não por não gostar, creio que pra todos que se interessam por artes é algo fascinante de assistir, e me diverti muito vendo a competição.
Lembrando aqui que a Bárbara Domingos conseguiu ir para as finais do individual, terminando na 10ª posição, o melhor resultado da história do Brasil nessa categoria[3]. Já na competição de grupos, apesar de ser triste o Brasil não ter podido ir para as finais (e era uma das equipes favoritas, elas foram campeãs no Mundial de 2024) foi linda a força de vontade das meninas, que não deixaram de dar o seu show na apresentação de fitas e bolas apesar da lesão da Victória Borges pouco antes. Mesmo com as limitações (a Victória obviamente não pôde fazer muitos movimentos) a apresentação foi muito bonita para os meus olhos de leigo e ao menos pela TV pareceu ter levantado o público do local também [4].
Enquanto assistia eu não tinha noção ainda da extensão da lesão, mas ao final da apresentação a Victória saiu mancando tanto que foi até pega nos braços pela treinadora para descer do tablado (e para confortá-la também), foi só aí que me dei conta do esforço que haviam feito. Nesses minutos até a decisão da nota elas choraram e se confortaram, foram imagens bem fortes.
A equipe do Brasil foi composta por Deborah Medrado, Maria Eduarda Arakaki, Nicole Pírcio, Sofia Madeira Pereira e Victória Borges. [5]
Como a final da ginástica rítmica por grupos aconteceu no penúltimo dia de competições das olimpíadas, foi também ainda mais marcante a vitória da equipe Chinesa, já que o país estava numa disputa medalha a medalha com os EUA no quadro geral. Essa vitória talvez pareça algo de rotina para quem (como eu) não é tão ligado na ginástica rítmica, mas esse ouro não era algo já esperado, pelo contrário, foi um momento histórico, a primeira vez na competição de grupos em que um país não europeu foi campeão nas olimpíadas [6], a China já havia sido também o primeiro país fora da Europa a ganhar uma medalha (de prata) em Pequim, 2008 [7]. As apresentações delas, a última com uma música Chinesa, foram realmente muito perfeitas [8].
Eu estava entretido demais assistindo para desenhar, mas uma das categorias de peso que também movimentou o quadro de medalhas, foi o ouro de Li Wenwen na categoria +81kg, a última competição do levantamento de peso. Essa vitória era menos imprevisível, ela era a atual campeã olímpica, mas estava voltando de uma lesão no cotovelo sofrida no mundial de levantamento de peso da IWF de 2023 em Riyad (Arábia Saudita), que havia tirado ela dos Jogos Asiáticos de Hangzhou (China) realizados em 2023 (embora oficialmente sejam os jogos "de 2022", de forma similar ao que acorreu com a olimpíada de Tóquio por conta da pandemia) [11][12].
Para escrever esse texto eu reassisti os melhores momentos da competição [13] e acabei me emocionando novamente, além dos momentos com a Wenwen, a Emily Campbell do Reino Unido foi muito emotiva nos seus levantamentos e a felicidade e o sorriso dela quando conseguiu levantar 126kg na última tentativa, junto da ótima frase do narrador: "quanto mais peso na barra, maior o sorriso", foi muito marcante também. Ela ficou com o Bronze, a prata ficou com Park Hye-jeong da Coreia do Sul, que foi chamada algumas vezes de "Weightlifting fairy" em referência ao k-drama que me fez assistir essa competição (o drama em si foi inspirado na atleta Jang Mi-ran, já aposentada[14]).
Algo muito curioso foi ver a transformação da Li Wenwen do "modo de competição", quando estava bem séria e concentrada (pediu até silêncio para o público nas suas primeiras tentativas), para o momento em que ela consegue a vitória e pode finalmente relaxar, aí vieram muitos sorrisos, coraçõezinhos com as mãos e muitos agradecimentos ao público de um jeito muito fofo (tentei pensar em um termo mais formal, mas foi impossível).
Como havia feito em Tóquio, ela chamou o treinador para o palco e dessa vez fez um último levantamento o erguendo e correndo com ele, foi lindo de ver e eu tive que abrir uma exceção e desenhar essa cena agora usando uma foto de referência, acho que é um ótimo exemplo de que além dos feitos esportivos por si só, o lado humano, as emoções levadas ao máximo e também a confraternização entre os países, são grande parte da razão pela qual é tão fascinante assistir as olimpíadas.
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