Mulherada - Arte e Resistência

Onde foi: Praça Kléia Alves, atrás da casa de cultura Marielle Franco em Franco da Rocha

Quando: 25 de março de 2023

Organizado por: Baciada das Mulheres do Juquery

Cheguei antes das 15h (que era a hora programada de início, o ambiente já estava todo montado e faziam alguns últimos ajustes. Ao desenhar nesses eventos tento obviamente não atrapalhar ou ficar no caminho, então sentei no meio-fio num 1º momento e depois (na saída do cortejo) me afastei mais e fiquei em pé encostado numa parede.

 

 
Em geral o pessoal da cultura da região se conhece bem e é sempre bacana vê-los juntos e animados conversando.

 
As moças que iriam fazer o cortejo (a 1ª atividade do evento) chegaram não muito depois (essa atividade foi do Bloco da Casa Velha, com mais algumas convidadas), enquanto o evento não começava, uma das mulheres da baciada chamava o público pelo microfone e avisava da feira que estava acontecendo ali à esquerda das cadeiras (com artesanato, livros de autoras da região e comidas).
 
Infelizmente não desenhei a saída do cortejo, um pouco porque achei que sairiam logo logo, um pouco pela posição lateral em que eu estava, mas bastante porque estava mesmo distraído acompanhando, ainda mais pra mim que mal saio de casa, a música e a vibração dos tambores é bem intensa de sentir. 

Não sei se foi intencional, para que o público viesse mais perto, mas acho que os cartazes que levaram no cortejo poderiam ter sido maiores, não pude ler na hora, mas vendo depois em fotos eles tinham estatísticas sobre violência contra a mulher, um deles alertava p. ex. que "uma menina ou mulher é estuprada a cada 10 minutos" no Brasil. Aqui há uma matéria sobre o assunto.
 
 
Demorei um pouco para escrever esse texto e a ordem das coisas já começa a me fugir da memória, mas entre as apresentações do sarau o cortejo retornou à praça, foi formada uma roda e feita uma ciranda, a música em sincronia com a pisada e mãos das pessoas na roda ficou bem impressionante. Se quiser ter uma noção melhor de como foi, aqui há um vídeo de uma oficina de ciranda feita pelo próprio Bloco da Casa Velha.
 
 
 
 
Voltando um pouco no tempo, depois do cortejo ter saído da praça, foi anunciada a performance bem delicada e poética que Lilian Soarez (profª de bordado das oficinas de Franco) iria realizar durante toda a tarde (uma troca de botões com quem viesse à mesinha em que estava) e que a Dalila Mendonça estaria fazendo uma pintura ao vivo durante o evento. O sarau que se seguiu teve falas de Fabia Pierangeli, música sertaneja de Janaína Souza, versos de Chai Odisseiana e, quando já havia caído a noite, a música mais intimista da Jéssica Lorenzo. Todas as apresentações representaram bem o "arte e resistência" do título do evento.



 

Havia uma quantidade legal de público, algumas pessoas olhavam de longe, em pé, perto de onde eu estava p. ex. ficaram por um bom tempo uma senhora (fazendo um lanche, sentada no meio-fio) e um rapaz jovem, eles se conheciam, aparentemente estavam em horário de almoço. As cadeiras chegaram a ficar bem cheias também, principalmente no fim da tarde e durante a exibição dos curtas.

Os curtas foram bem fortes, gostei principalmente de "Subjetividades Tóxicas" da Amora Juh e de "Nós não somos só isso" (sobre as mulheres no centro de detenção provisória de Franco, encontrei essa matéria sobre ele) feito pela Baciada mesmo. Como não sabemos o público que está passando em eventos de rua assim, no doc. da Amora até fiquei receoso de haver alguma reação negativa pela menção à palavra "pornografia" no contexto da farmacopornografia de Paul Preciado, mas fiquei feliz de ver que o público recebeu bem.

 

Depois da exibição dos curtas, foi feita uma roda de conversa sobre eles com as diretoras, como eram temas bem sensíveis, a roda de conversa foi bem importante para entender como foi a produção deles, a poética do A menina Guerreira da CONPOEMA, os desafios do trabalho no CDP no "nós não somos só isso" e os relatos pessoais da Amora, que acho que foram tão fortes quanto o próprio documentário.

Depois da roda de conversa nós pudemos ver como ficou a pintura da Dalila, foi o único momento em que eu saí do canto em que estava. Houve ainda uma performance bem impressionante de Stefanie Bertholini, eu não desenhei, mas você pode ver um trecho no instagram dela aqui.

O evento foi incrível, parabéns a todas as mulheres que o fizeram :) Quero encerrar esse relato com uma cena muito bonita de um casal de moças que estava assistindo o evento à tarde.

Deixo aqui também a programação oficial do evento em si, porque tem os nomes de todas as mulheres que se apresentaram:

Sobre os desenhos:

Não estou desenhando muito pra ser sincero e estava bem inseguro ao começar os desenhos no início. Conforme fui entendendo o local, as formas e fui me aquecendo, a coisa foi ficando mais fácil. Várias vezes fiquei com a dúvida super comum de "Será que dá tempo de desenhar ou as pessoas vão sair daqui a pouco?" 😅. 

Duas coisas extremamente difíceis de resolver foram as cadeiras e o fundo, mas uma coisa que ajudou nos desenhos em geral foi ter um lugar tranquilo pra desenhar sem atrapalhar as atividades e o pessoal que assistia.

Algumas coisa eu alterei em casa depois do evento:

  • De onde eu estava eu não conseguia ler o cartaz de fundo preto à esquerda da tela, então deixei pra preenchê-lo depois, na esperança de achar fotos. 
  • A mochila da Vânia (a mulher de preto na imagem da ciranda e que cantou uma música com a Janaína, aliás) foi ajustada em casa e a camisa foi pintada em casa também.
  • A sombra embaixo das cadeiras na roda de conversa.
  • O lápis para os tons de pele.



 







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